Homossocialidade
Este fenómeno é algo que me intriga e de certa forma me irrita.Num dia de trabalho externo, na hora de almoço, retirei de um molho de revistas uma, enquanto esperava pela especialidade da casa.
Veio a ser uma Grande Reportagem de 2004. Parei num artigo de Pedro Mexia por causa do título “Os Gajos”. Comecei a ler e logo gostei. Reparem nesta introdução digna “Não há discussão: As mulheres são magnificamente diferentes e incompreensivelmente fabulosas”.
E com quem eu estava! Nada mais que a sardinha e a mon cherne-y, companheiras desta vida dura da pesca.
Comecei logo a ler em voz alta. Todas nos identificámos com algumas coisas do texto, umas vivenciadas, outras presenciadas.
O Pedro mexia com aspectos do homem macho, com o homem que precisa de encontros só com amigos ”Conviver com os amigos (sem mulheres pelo meio) é geralmente uma ocasião adolescente e pateta, mas intensamente exaltante, e de uma heterosexualidade apenas lúdica, básica e gabarola”, com o homem heterossexual homofóbico “o pânico da rabetice é um vírus que deixa os homens em aflição permanente. Mas não adianta ter medo de uma coisa que ou é natural ou não faz diferença”.
Dizia que para um hetero, a inexistência de tensão sexual era precisamente o que faz da amizade entre homens a experiência por excelência da amizade. Afirmação pela qual me questionei, depois mais tarde veio a explicação que me convenceu “a amizade entre os sexos tem sempre uma componente sexual, ainda que surda, recalcada, resolvida ou fora de questão”.
Sim, por um lado sim a isto tudo, é verdade que existe sempre a diferença de sexos, mas isso não invalida a amizade pura entre sexos, mas isto não faz com que a diferença entre homens/mulheres, que é brutal, se atenue.
Mulheres que só se dão com mulheres e homens que só se dão com homens (em termos de amizade por excelência), só se preparam para futuras relações falhadas, porque uma relação homem-mulher pressupõe muita amizade.
Se querem que seja sincera, a necessidade da homossocialidade irrita-me, enquanto que a homossocialidade ocasional e natural já não.
Mas se querem que vos diga, cada caso é um caso e eu acredito mais no indivíduo do que em “homens” e “mulheres”.
Solução para isto: Dêem-se todos irmãos!