Tuesday, July 25, 2006

Homossocialidade

Este fenómeno é algo que me intriga e de certa forma me irrita.
Num dia de trabalho externo, na hora de almoço, retirei de um molho de revistas uma, enquanto esperava pela especialidade da casa.

Veio a ser uma Grande Reportagem de 2004. Parei num artigo de Pedro Mexia por causa do título “Os Gajos”. Comecei a ler e logo gostei. Reparem nesta introdução digna “Não há discussão: As mulheres são magnificamente diferentes e incompreensivelmente fabulosas”.
E com quem eu estava! Nada mais que a sardinha e a mon cherne-y, companheiras desta vida dura da pesca.
Comecei logo a ler em voz alta. Todas nos identificámos com algumas coisas do texto, umas vivenciadas, outras presenciadas.
O Pedro mexia com aspectos do homem macho, com o homem que precisa de encontros só com amigos ”Conviver com os amigos (sem mulheres pelo meio) é geralmente uma ocasião adolescente e pateta, mas intensamente exaltante, e de uma heterosexualidade apenas lúdica, básica e gabarola”, com o homem heterossexual homofóbico “o pânico da rabetice é um vírus que deixa os homens em aflição permanente. Mas não adianta ter medo de uma coisa que ou é natural ou não faz diferença”.
Dizia que para um hetero, a inexistência de tensão sexual era precisamente o que faz da amizade entre homens a experiência por excelência da amizade. Afirmação pela qual me questionei, depois mais tarde veio a explicação que me convenceu “a amizade entre os sexos tem sempre uma componente sexual, ainda que surda, recalcada, resolvida ou fora de questão”.
Sim, por um lado sim a isto tudo, é verdade que existe sempre a diferença de sexos, mas isso não invalida a amizade pura entre sexos, mas isto não faz com que a diferença entre homens/mulheres, que é brutal, se atenue.
Mulheres que só se dão com mulheres e homens que só se dão com homens (em termos de amizade por excelência), só se preparam para futuras relações falhadas, porque uma relação homem-mulher pressupõe muita amizade.
Se querem que seja sincera, a necessidade da homossocialidade irrita-me, enquanto que a homossocialidade ocasional e natural já não.
Mas se querem que vos diga, cada caso é um caso e eu acredito mais no indivíduo do que em “homens” e “mulheres”.
Solução para isto: Dêem-se todos irmãos!

4 Comments:

At July 26, 2006 3:16 pm, Blogger Sardinha Fresca said...

Bem postado Gamba!
Trouxeste há tona um assunto bem interessante!

Também eu prefiro pensar que os comportamentos estão mais relacionados com a maneira como cada um expressa a sua individualidade, do que com o facto de se ser homem ou mulher, no entanto tenho de concordar que existem certos comportamentos típicos do sexo feminino e outros do masculino e a homossocialidade é um deles, sem dúvida!
Não me parece, no entanto, que este seja um comportamento negativo. Isto claro se for qb!
Se os mocitos têm necessidade de confraternizar uns com os outros, porque não faze-lo?
No entanto, não concordo com Pedro Mexia quando diz que a amizade entre indivíduos de sexos opostos tem sempre uma componente sexual. É possível ter bons amigos do sexo oposto sem ter nenhum tipo de interesse sexual nos mesmos!

Mas no fundo e como tão bem dizes o importante mesmo é dar as mãos, confraternizar e haver respeito entre homens – mulheres, mulheres –mulheres, homens – homens e sei lá mais o que!

 
At July 26, 2006 3:30 pm, Anonymous Anonymous said...

tu do ao molhe e fé em deus!

 
At July 26, 2006 3:35 pm, Blogger miss_gata said...

tudo ao molhe fé em Deus.. aqui está uma óptima ideia!
Gostei!

 
At August 01, 2006 6:10 pm, Blogger Morgaine said...

Mais do que amizade (que só por si devia incluir sempre o aspecto que vou referir) é necessário respeito. Se todos nos respeitarmos enquanto individuos, o facto de sermos mulheres ou homens passa para segundo plano. Respeitemos as ideias e liberdades de cada um e as várias formas de ser e naturalmente encontraremos aqueles a quem possamos chamar de amigos. A amizade é daquelas pérolas que só se dá a alguns e quando se dá, não interessa se é a um homem, se a uma mulher, se temos, tivémos ou iremos ter alguma atracção sexual. Mesmo porque a atracção sexual (e não me refiro apenas àquela que leva à paixão, amor, ou simples luxúria) existe sempre, seja qual for o tipo de relação. Tendemos sempre por avaliar os nossos melhores ou piores amigos e nessa avaliação há sempre alguma referência de cariz sexual. É inerente ao ser humano porque antes demais somos animais que se reconhecem pelos 5 sentidos (às vezes 6 nas fabulosas mulheres)e o que são os sentidos a não ser o nosso meio de comunicação com os nossos iguais? Antes de articularmos pensamentos estamos a avaliar os outros pelos sinais que eles nos enviam.
Se nos "cheirar bem", gostamos, e só depois interessa qual é o sexo do "cheiroso". E só o tempo e as circunstâncias determinam qual o grau de amizade (porque amor é amizade)que se irá ter com o dito-cujo. Portantos...concordo mas não concordo. Acho que me perdi nos meus devaneios algures...
lol
It's good to be back!

 

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