Tuesday, November 29, 2005

Conquilha Descascada

É verdade meus amigos e amigas,

nossa amiga conquilha vai filtrar água pra outros lados, vai enterrar-se na areia de outra praia, vai conquilhar noutra maré...
E aqui vai um bem haja prá sua nova vida, muita felicidade e saudinha da boa!
Não abandones a pesca daqui e a gamba e a sardinha!
Quando virem as ondas curte a ondulação, quando o mar tiver calmo curte o relax!
Vá, nada de tristezas pois é preciso é saúde, e que haja sempre vinho e festa!
Ora vamos lá ao bolo!

Wednesday, November 16, 2005

Tou Farta!

Ontem estive numa conferência sobre pescas, mar e afins...
Mais uma ... aliás há coisa de uns tempos viraram autênticos encontros sociais, as pessoas são sempre as mesmas, as apresentações também, os slides em powerpoint idem ... nada muda!

E é ai que está o problema ...nada muda e nada se faz!

Faz lembrar a máxima, tão conhecida por todos: de que se fala, fala... mas não se faz nada!

A guerra é sempre entre os mesmos, os investigadores, que são considerados pessimistas e os grandes armadores que exploram o recurso, os eternos optimistas! Para uns há peixe a menos e para os outros até há demais...

Agora pergunto eu, se ninguém se consegue entender dentro de uma sala com poucos m2, (os armadores nem chegam a tentar!) pois cada um puxa a brasa à sua sardinha, como se podem defender os direitos de um país, fora deste e perante a comunidade europeia???

Desta vez venho mesmo chateada!
Estou em investigação por paixão e sinceramente começo a ficar farta da inércia que rodeia este meio!

As conferências são muito importantes e por isso defendo que se façam muitas, mas envolvam a comunidade, chamem o “ti Zé” que é mestre dos tresmalhos e cresceu no mar e a “ti Maria” que é peixeira e sabe como ninguém, o que é deixar alguém de que se gosta, desafiar diariamente o mar, correndo o risco de não voltar!

Eu bem tento berrar, mas sinceramente começo a achar que me ouvem melhor se gritar dentro de água...

Vale o fabuloso cafézinho e bolinhos que são sempre servidos nestes acontecimentos ... ao menos as pessoas que servem tal iguaria, são diferentes...
Valha-me ao menos isso!

Monday, November 14, 2005

O Mar Esconde Muitos Mistérios!

Wednesday, November 09, 2005

Mais um poema!

Sem correr o risco de este blog virar um blog de poesia ... aqui vai mais um!

E porque?

Porque sim!

Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo do mar
jazem os outros, os que lá ficaram.
Em dias cinzentos
descanso eterno lá encontraram.

E mais que uma onda, mais que uma maré...
Tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé...
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

No fundo horizonte
sopra o murmúrio para onde vai.
No fundo do tempo
foge o futuro, é tarde demais...

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder...

Homem do leme - Xutos e Pontapés

Monday, November 07, 2005

Poema ao bicho vivo

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem destrói o seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!


Pablo Neruda

Um poema que roubei ao meu amigo e capitão Jorge
http://www.aventurasemmimii.blogspot.com/
um poema lindo dedicado a todos os que têem um bicho vivo dentro do coração!

Friday, November 04, 2005

Poema ao Pescador

OS GRANDES CARDUMES DO GÊNERO JORNALISTA-
POETA(E CONGÊNERES) E O PEIXE DE AMANHÃ

ser poeta
ou praticar a pesca
esportiva de palavras:
nos secos lagos artificiais
dos cadernos culturais
dos jornais
pesca-se muito
pouco
pois o pescador
vive distante
do praticante
da pesca esportiva
o pescador de largo fôlego
que é o pescador de mar aberto
não apenas deixa
todo santo dia
a segurança à beira
da praia
(e com ela muitas vezes
uma criança à beira
do medo)
quando arrasta seu barco sobre a areia
— seja para embarcar
em algum barco maior
que ao largo se fundeia
seja para afundar
com seus poucos camaradas
na imensa distância azul —
como também tem o mar
nas águas turvas do passado
e nas escuras do futuro
nas tempestades da memória
e na trama do vocabulário
no lenho dos músculos
e no vento das narinas:
todo o enreda
a vida para a pesca
(além da pesca pela vida)
pescar é preciso
viver não
não se compara
ao esportista que compra suas varas
no deserto da cidade
(o pescador, se não tece mais
a própria rede
ainda a remenda
em pleno mar)
e depois embarca
sobre as estivas de um carro
em demanda
não do que do mar se emana
mal nasce a manhã
durante toda semana
mas já em seu fim
do próprio mar longínquo

do poeta brasileiro Luis Dolhnikoff